"Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser objeto, mas também sujeito da história.” (Educador Paulo Freire)
Em seu livro Educação Brasileira – Consertos e Remendos, o economista Cláudio Moura e Castro sustenta a tese de que o Brasil gasta muito e mal com a Educação devida a um preocupante “alinhamento de interesses e desinteresses”. (Jornal do Brasil 18.04.1994).
E mais, o documento O Progresso das Nações publicado em 1993 pela
UNICEF, revela toda a extensão da tragédia educacional brasileira e lamenta que
o Brasil não possa criar pré-condições para o ingresso de seu povo no rol das
nações desenvolvidas e civilizadas. O professor não é valorizado e seu salário é
deficiente.
É preciso que a sociedade cobre resultados, para forçar os sindicatos a
se preocuparem com a qualidade de ensino. Sem isto, suas reivindicações não
terão legitimidade social.
Os pais de menores desprivilegiados devem ser conscientizados da importância da educação e ter acesso aos números que traduzem os resultados da escola.
Educar não significa apenas dar instrução elementar e noções técnicas – que são vitais, mas criar, através da valorização do homem, de sua liberdade e responsabilidade individual, condições para o florescimento de idéias, iniciativas e experiências que são a essência para o desenvolvimento das nações. Acontece que políticos e sociedade não conseguem cruzar os seus ponteiros. Quando política é vista como arte, sua função primeira é educar e preparar o homem com a finalidade de destinar o melhor à cidade.
A perda do ideal de direcionamento da política para a educação parece
representar uma perda de motivo para a coisa
pública. Isso porque, a verdadeira incumbência da política, parece residir na
educação. Educar é função do Estado.
O universo político, além de determinar o destino da cidade-estado,
determina a realização do indivíduo. Para Platão, não é o indivíduo que existe
para o Estado mas o Estado existe para o indivíduo. Completam-se e devem-se
auxílio mútuo. Esta é a concepção de Platão, quando percebe que a legislação é
a autora das grandes transformações na vida coletiva e na vida individual dos
cidadãos, garantindo o máximo bem-estar da sociedade, traduzido no equilíbrio
da justiça social, política, judicial, distributiva, etc.
O uso, a manutenção e a condução da coisa pública, exigem
responsabilidade e ciência de que quando há desvio, pode-se corromper, pode-se
desmantelar, pode-se degenerar o vínculo, o laço que a mantém a serviço de
muitos. A razão da existência do espaço público esboçado, traçado, idealizado é
estar a serviço de muitos.
É o momento de refletirmos seriamente sobre a frase de J. Goldsmith: “Numa nação livre os cidadãos decidem
os limites de poder que concedem ao Estado e a seus dirigentes. Num país que
não o é, os governantes resolvem as liberdades que concedem aos seus cidadãos”, para não termos que engolir a seco. Outra frase famosa a de Martin Luther King: “Pior que o governo
dos maus é o silêncio dos bons”.
É necessário reinventar o ideal da sociedade justa. Esse ideal só pode
ser o da democracia sem fim, o de uma sociedade cuja justiça se justifica
exclusivamente pelo aprofundamento constante da democracia: na família, no trabalho, nas relações com a natureza, na comunidade,
no espaço público, na escola, nas relações entre Estado e grupos sociais.
“O importante
não é o nome que pomos às coisas, mas antes, as coisas que pomos nos nomes”. (Boaventura de Souza
Santos, professor na Universidade de Coimbra, Folha de São Paulo –
03.02.1.998)
Lucrecia Anchieschi
www.apenasumacidada.blogspot.com

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