“.
. .família, esta é a mais rica escola de
humanismo” (Documento Concílio Vaticano II –
a Gaudium et Spes, no capítulo em que trata de família)
O Artigo XVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos, diz que a
família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção
da sociedade e do Estado. Norma essa, repetida na Constituição da República
Federativa do Brasil no Artigo 226 ao afirmar que “A família, base da
sociedade, tem especial proteção do Estado”.
O Estado vem fazendo pouco pelas famílias, haja vista o que diz o Artigo
245 da Constituição Federal, cujo dispositivo constitucional diz ser obrigação
do Estado dar assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas
vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do
ilícito.
O Estado ao encarcerar quem pratica crimes, sequer se lembra de que
aquele prisioneiro ou prisioneira pode ser chefe de família e precisa de
assistência e apoio.
O Estado também tem seu papel na criação de uma rede de apoio a pais e mães
na tarefa de educar e cuidar de seus filhos. A creche que é o primeiro estágio
escolar das crianças na primeira infância vem sendo negligenciada em todo o
Brasil. A ausência de creches tem negado às crianças o direito de “brincar”.
Muitas crianças acabam tendo esse tempo para brincadeiras, roubado pelo
trabalho precoce ou pela violência doméstica.
Há um apelo constante para que se implante a “educação com amor” e que o
aconselhamento às famílias, deve ocorrer de forma preventiva em postos de saúde
e em reuniões escolares.
O que ainda define uma família são os “laços afetivos muito fortes” e
sua função e tarefa básica e natural é a socialização, desprovida de conotação
ideológica, introduzindo os filhos nas questões do tempo e da sociedade.
Significa somente, que a pequena e aconchegante sociedade familiar,
cimentada pelo afeto é de certo modo, a melhor preparação para quem vai entrar
um dia, na sociedade maior – a sociedade civil. E o processo de socialização é
longo, da infância toda ao aprimoramento no período da adolescência através da
absorção dos valores e virtudes complementados depois, pela escola que vai
produzir a questão da socialização no coletivo. Portanto, o grupo familiar deve
ser acolhedor, protetor e mantido com amor.
O ingresso de um adolescente na sociedade civil, não é um fato natural,
fácil, idílico. É um passo perigoso. Perigoso porque, para o adolescente que
sofre dolorosamente o impacto, tanto maior quanto mais o corpo social no qual
ele tente entrar com não poucas ilusões, mas com certo idealismo e espírito
crítico, lhe resiste e lhe mostra hostilidade. Perigoso para a própria
sociedade, se o adolescente que nela vá ingressar, carregue em si “conflitos
não resolvidos”, desequilíbrios e desarmonias interiores bastante explosivos.
Ora, para tal salto, nenhuma instituição pode preparar o adolescente e o
jovem, melhor e mais adequadamente do que a própria família.
Como falar da educação, sem mencionar os golpes que vem sofrendo o seu
mais nobre e profundo instrumento, que é a família, instituição agredida
freqüentemente de maneira desaforada e ostensiva e em especial por intermédio
de canais concedidos pelo poder público. Como educar verdadeiramente as novas gerações, sem levar em conta o processo
educativo?!
Explicitando: na família, se
ela for comunidade de amor entre as pessoas, como deve ser, adolescentes e
jovens, podem e devem cultivar espontaneamente no dia-a-dia, os elementos essenciais de pessoas
humanas, chamados a conviver na comunidade civil. Da família devem sair para
ingressar na sociedade humana e nela viver e atuar, adolescentes e jovens com:
- personalidade rica - dotada de faculdades e potencialidades de
inteligência e vontade, sensibilidade e afetividade íntegras.
- personalidade equilibrada - com as faculdades, cada qual no seu lugar.
- personalidade harmoniosa – com cada faculdade bem entrosada com as
demais e em perfeita sintonia.
A melhor contribuição que a família pode oferecer à sociedade, não
indivíduos fechados em si mesmos, desajustados mas, pessoas humanas na
plenitude de seus potenciais e abertas ao convívio social.
Essas personalidades a sociedade pode forjá-las se o “cadinho” familiar
falhar, porém não é seguro que o consiga e se o conseguir será à força de duras
provas. Esta é uma escola austera, não conseguindo formar, pode até mascarar.
Faltam na sociedade, os ingredientes da formação de pessoas, como os existentes
na família: respeito, laços de
sangue e de afeto, ajuda e apoio moral. É tudo isso que se encontra sob o nome
de “escola do mais rico humanismo”.
Na atmosfera familiar impregnada de compreensão, aprende-se também a
cultivar a unidade na diferença e na diversidade.
A educação familiar tem diante de si o objetivo de construir pessoas
diferenciadas umas das outras, cada qual única e unidas umas às outras pelo
vínculo profundo da fraternidade.
Na família deve reinar sem demora, o pedido de perdão, o dão do perdão e
a acolhida do perdão – coisas raras na sociedade.
Lucrecia Anchieschi
www.apenasumacidada.blogspot.com