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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Torrão da República Despedaçado

 

Triste memória!

Veja o Brasil que, por “falta de conhecimento histórico” se revelava em cartazes naquela fatídica passeata do dia 15 de março de 2015 em São Paulo/SP e que injustamente resultou no impeachment de uma presidente democraticamente eleita:

. Não sou elite – sou do Brasil

. Não queremos ditadura do PT

. A culpa não é minha, eu votei no Aécio (ex- jogador Ronaldo)

. Impeachment Dilma

. Fora Dilma (adesivo em lata)

. SOS Forças Armadas – queremos uma faxina geral e o poder de volta em 90 dias

. Meu país é o Brasil! Não Cuba e Venezuela

. Dilma mentirosa

. Fora Dilma!

. Impeachment já!

. Intervenção militar já!

. Dilma, Themer, Cunha, Levandowsky – estão todos juntos nisso

. O PT é um câncer totalitário

. Respeite meu imposto

. Chega de PT

. Brasília precisa de faxina

. Diga não à Doutrina Marxista nas escolas

. Nossa bandeira é verde e amarela. Nunca será vermelha

. Punição aos corruptos

. Fora Dilma, o Brasil é nosso

. Basta! Cadeia para os corruptos

. Intervenção militar, não. Intervenção popular, sim

. Chega de imoralidades, corrupção e descaso

. Dilma renuncia já

. ONG Transparência e Democracia: todos contra a corrupção

. ONG Corrupção Nunca Mais

. Em camisetas de “Fora Dilma” impeachment já!

. Em plena Avenida Paulista: sem brio, sem caráter e sem vergonha, literalmente pelados, alguns desfilavam.

Neste Brasil de agora, depois do impeachment de uma presidente democraticamente eleita, é avaliar e pesar a culpa da intolerância de cada um de nós!                                                  

                                                           Lucrecia Anchieschi

                                                 luanchieschi@uol.com.br

                                                 www.apenasumacidada.blogspot.com

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Propaganda Eleitoral e Propaganda Subliminar

 

 A propaganda subliminar é o uso de técnica de propaganda baseada na transmissão de mensagens que não são percebidas pelo público de forma consciente.

Neste ano de eleição devemos acompanhar atentamente as propagandas eleitorais, pois é época propícia para o surgimento de grupos de pressão, visando manipular nossa liberdade de escolha. A desesperada luta pelo poder leva os menos éticos e os mais afoitos, a lançarem mão de técnicas de manipulação - um verdadeiro safári na floresta de propaganda eleitoral.

A escolha do voto passa pela crítica das mensagens que o candidato envia - da expressão corporal aos impressos e jingle que ele usa. O candidato que planta subliminar não é merecedor de confiança, não é digno do nosso voto. Escolhamos por eliminação, cortando todos aqueles em cujo material de propaganda apareça o subliminar.

É importante escolher bem, negando nosso voto aos oportunistas, impedindo-lhes o acesso a cargos públicos onde disseminariam a corrupção, o nepotismo e o estelionato eleitoral.

 Nos horários gratuitos na televisão e no rádio, observemos a fala do corpo e o ritmo da música nas propagandas eleitorais.

É bom que treinemos nossa percepção na leitura de gestos, olhando atentamente a posição do corpo e expressão facial do candidato: o modo como ele olha, trinca os dentes, aperta as pálpebras, mostra quem ele é e o que tenta esconder de nós.

Outro elemento é o som: de olhos vendados, procuremos ouvir o jingle e as músicas. Se tiverem um ciclo rítmico de 80 batidas por minuto, o candidato está tentando nos inibir e quebrar nossa defesa.

Na propaganda opressora, o político indica soluções e caminhos fazendo as massas se moverem feito rebanho. Na elucidativa, o candidato questiona e deixa o cidadão decidir. Só os democratas empregam a propaganda elucidativa, ou seja, aqueles que têm respeito ao eleitor e principalmente respeito às classes intelectual e economicamente menos favorecidas.

Um dos mais rumorosos casos sobre o extraordinário poder da propaganda subliminar ocorreu nos Estados Unidos no ano de 1957. De acordo com o pesquisador James Vicary, as mensagens “coma pipoca” e “beba coca-cola”, foram exibidas num cinema de New Jersey por um período de seis semanas e, vistas por 45.669 freqüentadores durante o filme Picnic.

Embora ocorra esse recurso, grande contingente da população repudia teses conspiratórias e podemos concluir que o eleitor já distingue o supérfluo do importante, a ficção da realidade e muda de posição diante de fatos relevantes.

                                                           Lucrecia Anchieschi

                                                           luanchieschi@uol.com.br

                                                                       

                                             

 

 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Se você não paga o produto, o produto é você


 

“Se você não paga o produto, o produto é você. (O Dilema das Redes)

O que aprendemos com o filme que expõe o pior da tecnologia.

Lançado recentemente pela Netflix, documentário mostra o poder de manipulação e de vício presente das redes sociais e aplicativos.

A ideia de todos sermos produtos é baseada no fato de que nossos dados são o que há de mais valioso no modelo de negócios das empresas de tecnologia.

10 dicas para não ser manipulado pelas redes sociais

1.     Entenda o seu uso: repare quanto tempo você passa conectado ao celular e às redes sociais por dia. Esse pode ser um pontapé inicial para começar a mudar o espaço que as tecnologias têm na sua vida;

2.     Desligue as notificações: estudos sugerem que cada pessoa recebe cerca de 63 notificações por dia no celular. Desligá-las vai fazer você se conectar apenas quando quiser, e não quando seu celular está te chamando;

3.     Crie limites: estipule quanto tempo você deseja passar em determinados aplicativos e determine locais e ocasiões nos quais você não vai usar o celular (como na mesa de jantar ou antes de dormir);

4.     Desligue sua localização: a localização é um dado que revela muito sobre você (como onde você mora e trabalha) e, talvez sem perceber, você pode ter permitido que muitos aplicativos a acessem. Por isso, vá nas configurações de cada app e desabilite a coleta de localização. Outra opção é apenas desligar a localização do celular (que geralmente fica na barra de acesso rápido) enquanto não estiver usando o GPS;

5.     Delete aplicativos: se desfaça dos apps que você não usa muito ou que não são essenciais. Isso vai te dar mais tempo livre e diminuir a coleta de dados pessoais;

6.     Desmarque suas fotos: desmarcar seus amigos das suas fotos em redes sociais e se desmarcar das fotos dos demais ajuda a diminuir o cruzamento de dados, tornando o algoritmo menos manipulador;

7.     Configure seu navegador: use as configurações do seu navegador para evitar que seus dados sejam coletados o tempo todo. Uma opção é usar a guia anônima, que evita o rastreamento;

8.     Não clique em vídeos recomendados no YouTube: ao invés disso, procure conteúdos que você quer assistir. Isso te ajuda a não cair em um limbo de acesso aos mesmos conteúdos sempre - o que vicia e restringe sua opinião;

9.     Siga pessoas que você não concorda: seguir pessoas que não têm o mesmo posicionamento que o seu é uma boa forma de mostrar ao algoritmo que você quer receber conteúdos variados e furar a bolha social;

10. Proteja seus filhos: imponha limites para o uso das redes sociais e celular e converse com as crianças sobre os perigos do mundo digital e da exposição de dados pessoais.

 “Se você não paga o produto, o produto é você.” (O Dilema das Redes – lançamento recente Netflix/2020)

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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Crianças: salvemos-nas

                                     

Hoje admitimos a probabilidade maior de uma criança ser admitida num hospital psiquiátrico do que numa universidade, o que nos leva a interpretar como indicação de que estamos conduzindo mal as nossas crianças e levando-as à loucura. Será que as estamos educando realmente? Provável que o nosso método de educá-las é que as está levando à loucura.

Ninguém ensina ninguém, é preciso criar condições para a aprendizagem e o professor deve ser o facilitador dessa aprendizagem.
Foi o filósofo e psicólogo suíço Jean Piaget quem descobriu que as crianças não pensam como os adultos – têm sua própria ordem e sua própria lógica.
Para o cientista suíço o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz, um mecanismo que outros pensadores antes dele, já haviam instruído mas, foi ele quem o submeteu à comprovação na prática.
Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista.
Educar para Piaget é provocar a atividade isto é, estimular a procura do conhecimento. Os adultos devem assumir a responsabilidade de conduzir as crianças por caminhos que elas desconheçam. Piaget acreditou e comprovou que o conhecimento vem das descobertas que a criança faz.
A permanência da criança na rua ameaça sua integridade e a de outras categorias sociais. Existem ligações claras entre ambulantes, pedintes e meninos de rua, com o mundo do crime organizado. Importa-nos enfrentar o fenômeno mais escandaloso de nossa realidade, a esmagadora pobrezaSeres humanos privados de direitos elementares como saúde, alimentação, trabalho, educação, moradia, terra, cultura e lazer. É ingênuo imaginar que um banqueiro promova a reforma agrária. E não é preciso ir longe pra descobrir essa gente, é só por os pés na cozinha e constatar como vive a família da empregada doméstica.
Apesar de todo esforço governamental, há muito por ser feito ainda!
A crise da família está no olho do furacão da delinquência bem nascida, haja vista o alto índice de criminalidade entre os jovens de classe média.
Em Carta à Família (1.994) o Papa João Paulo II detecta um grande despertar das consciências entre os jovens: Cresce entre os jovens, uma nova consciência de respeito à vida” diz ele.
Em pouco mais de cem páginas o Papa discorreu alguns dos mais delicados temas da atualidade - paternidade responsável, individualismo, fidelidade, consumismo, direito à vida, desemprego, educação, etc.

                            Lucrecia Anchieschi
                                                                   luanchieschi@uol.com.br 



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Educação e Democracia


                              


“Quando alguém se referindo aos negócios do Estado diz: Que me importa? Pode-se ter a certeza de que o Estado está perdido.” (Jean Jacques Rousseau)

 Democracia é palavra de origem grega formada pelos vocábulos demo (povo) e kratia (poder). No ano 507aC a Grécia instaurava a Democracia, instituindo assim, uma relação entre povo e poder – a primeira experiência histórica de democracia.

A Democracia é um sistema de governo que tem por fundamentos a igualdade perante a lei e tem como aspiração o princípio fundamental que liga de forma indissolúvel educação e democracia, princípio que faz com que todos os homens sejam suficientemente educáveis para que conduzam a vida em sociedade de forma a que cada um e todos, dela partilhem como iguais, apesar das diferenças das respectivas histórias pessoais e das diferenças propriamente individuais.

A Democracia é pois todo um programa evolutivo de vida humana. Tem a ver com aquela liberdade que Cecília Meireles definiu: uma palavra que o sonho humano alimenta e que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Liberdade que nos dá asas pra poder voar, caminhos pra poder optar, idéias pra poder realizar; pensar e poder dizer. Enfim, liberdade de errar e poder consertar, respeitar o outro e poder ser. O seu postulado liga o programa de vida que representa a um programa de educação sem o qual, uma organização democrática não poderia sequer ser sonhada.

Tocqueville detecta no coração da Democracia, o terrível perigo da ambiciosa relação entre liberdade e igualdade, às vezes vertiginosa e ameaçada tendo a ser controlada e reconstruída constantemente. O fato é que estamos evoluindo desse individualismo servil, reconhecendo que a vida social precisa institucionalizar-se de forma a permitir que não somente alguns, mas todos os indivíduos encontrem condições favoráveis para desenvolver suas qualidades comuns e particulares com as limitações da participação geral.

Uma sociedade é democrática na medida em que o povo tenha oportunidades significativas de participar da formação das políticas públicas e sempre que isto ocorra temos uma sociedade democrática.

                          Lucrecia Anchieschi

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O Mito da Eficiência

 


 “O preço que o homem de bem paga por não se envolver em política é a de ser governado pelos mal-intencionados” (Platão)

 Em 1784 Benjamin Franklin escrevera no Tratado de Lancaster - Estado da Pensilvânia que, fato ocorrido no ano de 1.744 entre o governo do Estado da Virginia e Seis Nações índias, que em discurso o comissariado da Virgínia informara aos índios que havia uma escola em Williamsburg com fundos suficientes para a educação da juventude índia, e que se os chefes das Seis Nações enviassem meia dúzia de seus jovens àquela escola, o governo se encarregaria de seu sustento e de sua instrução em todos os conhecimentos do homem branco, ao que o porta-voz indígena respondera

 Sabemos bem que vocês admiram em alto grau o tipo de saber ensinado em tais escolas, e que, o sustento de nossos jovens enquanto sob sua custódia, seria muito dispendioso.Estamos assim convencidos de que, com sua proposta, demonstraram suas boas intenções para com nosso povo e lhes somos profundamente agradecidos. Mas vocês, que são sábios, devem saber que diferentes nações têm diferentes conceitos sobre as coisas, assim, não nos levarão a mal se lhes dissermos que nossas idéias a respeito deste tipo de educação não combinam com as suas. Temos alguma experiência no assunto, muitos de nossos jovens foram educados nas escolas das províncias do Norte, foram instruídos em suas ciências, mas quando voltaram ao nosso seio, haviam perdido a capacidade de correr, não sabiam como sobreviver nas florestas, eram incapazes de suportar o frio ou a fome, não sabiam como construir uma cabana ou caçar Veado; falavam mal nossa própria língua e não se qualificavam nem como caçadores, nem como guerreiros, nem como conselheiros – em suma, não serviam absolutamente para nada. Não estamos menos obrigados pela sua generosa oferta, embora seja nosso dever rejeitá-la e para demonstrar nosso penhor de gratidão se os Senhores do Estado da Virgínia quiserem nos enviar meia dúzia de seus filhos, nos empenharemos em cuidar dessas crianças, ensinar a elas  tudo que sabemos e transformá-las em homens.”

 Cada sociedade tem seus próprios mitos e uma das principais funções do sistema educacional é transmiti-los aos seus jovens.

                                                          Lucrecia Anchieschi 

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sábado, 12 de setembro de 2020

Família e sociabilização


                                                                 “. . .família,  esta é a mais rica escola de humanismo (Documento Concílio Vaticano II – a Gaudium et Spes, no capítulo em que trata de família)

 O Artigo XVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos, diz que a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Norma essa, repetida na Constituição da República Federativa do Brasil no Artigo 226 ao afirmar que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”.

O Estado vem fazendo pouco pelas famílias, haja vista o que diz o Artigo 245 da Constituição Federal, cujo dispositivo constitucional diz ser obrigação do Estado dar assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito.

O Estado ao encarcerar quem pratica crimes, sequer se lembra de que aquele prisioneiro ou prisioneira pode ser chefe de família e precisa de assistência e apoio.

O Estado também tem seu papel na criação de uma rede de apoio a pais e mães na tarefa de educar e cuidar de seus filhos. A creche que é o primeiro estágio escolar das crianças na primeira infância vem sendo negligenciada em todo o Brasil. A ausência de creches tem negado às crianças o direito de “brincar”. Muitas crianças acabam tendo esse tempo para brincadeiras, roubado pelo trabalho precoce ou pela violência doméstica.

Há um apelo constante para que se implante a “educação com amor” e que o aconselhamento às famílias, deve ocorrer de forma preventiva em postos de saúde e em reuniões escolares.

O que ainda define uma família são os “laços afetivos muito fortes” e sua função e tarefa básica e natural é a socialização, desprovida de conotação ideológica, introduzindo os filhos nas questões do tempo e da sociedade.

Significa somente, que a pequena e aconchegante sociedade familiar, cimentada pelo afeto é de certo modo, a melhor preparação para quem vai entrar um dia, na sociedade maior – a sociedade civil. E o processo de socialização é longo, da infância toda ao aprimoramento no período da adolescência através da absorção dos valores e virtudes complementados depois, pela escola que vai produzir a questão da socialização no coletivo. Portanto, o grupo familiar deve ser acolhedor, protetor e mantido com amor.

O ingresso de um adolescente na sociedade civil, não é um fato natural, fácil, idílico. É um passo perigoso. Perigoso porque, para o adolescente que sofre dolorosamente o impacto, tanto maior quanto mais o corpo social no qual ele tente entrar com não poucas ilusões, mas com certo idealismo e espírito crítico, lhe resiste e lhe mostra hostilidade. Perigoso para a própria sociedade, se o adolescente que nela vá ingressar, carregue em si “conflitos não resolvidos”, desequilíbrios e desarmonias interiores bastante explosivos.

Ora, para tal salto, nenhuma instituição pode preparar o adolescente e o jovem, melhor e mais adequadamente do que a própria família.

Como falar da educação, sem mencionar os golpes que vem sofrendo o seu mais nobre e profundo instrumento, que é a família, instituição agredida freqüentemente de maneira desaforada e ostensiva e em especial por intermédio de canais concedidos pelo poder público. Como educar verdadeiramente as novas gerações, sem levar em conta o processo educativo?!

Explicitando: na família, se ela for comunidade de amor entre as pessoas, como deve ser, adolescentes e jovens, podem e devem cultivar espontaneamente no dia-a-dia, os elementos essenciais de pessoas humanas, chamados a conviver na comunidade civil. Da família devem sair para ingressar na sociedade humana e nela viver e atuar, adolescentes e jovens com:

- personalidade rica - dotada de faculdades e potencialidades de inteligência e vontade, sensibilidade e afetividade íntegras.

- personalidade equilibrada - com as faculdades, cada qual no seu lugar.

- personalidade harmoniosa – com cada faculdade bem entrosada com as demais e em  perfeita sintonia.

A melhor contribuição que a família pode oferecer à sociedade, não indivíduos fechados em si mesmos, desajustados mas, pessoas humanas na plenitude de seus potenciais e abertas ao convívio social.

Essas personalidades a sociedade pode forjá-las se o “cadinho” familiar falhar, porém não é seguro que o consiga e se o conseguir será à força de duras provas. Esta é uma escola austera, não conseguindo formar, pode até mascarar.

Faltam na sociedade, os ingredientes da formação de pessoas, como os existentes na família: respeito, laços de sangue e de afeto, ajuda e apoio moral. É tudo isso que se encontra sob o nome de “escola do mais rico humanismo”.

Na atmosfera familiar impregnada de compreensão, aprende-se também a cultivar a unidade na diferença e na diversidade.

A educação familiar tem diante de si o objetivo de construir pessoas diferenciadas umas das outras, cada qual única e unidas umas às outras pelo vínculo profundo da fraternidade.

Na família deve reinar sem demora, o pedido de perdão, o dão do perdão e a acolhida do perdão – coisas raras na sociedade.               

                                                            Lucrecia Anchieschi

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Humanismo Ameaçado

                                                  

                                                      

 “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas mas jamais conseguirão deter a primavera”. (Che Guevara)

O psicanalista Jurandir Freire da Costa em jornal de grande circulação (1.999) alertava para a necessidade de um novo estilo de vida, de se construir uma história e uma cultura em que a liberdade volte a ser sinônimo de possibilidade de pensamento e reflexão crítica. É preciso segundo ele, reagir, não se conformar com a paralisia da vontade e vencer a banalização da vida e da morte a que somos submetidos cotidianamente e dessa forma, criar um novo modelo cultural.

Os ideais democráticos da Revolução Francesa que defendiam os conceitos de liberdade, fraternidade e igualdade, ideais que uniam o coletivo, estão sendo varridos para dar lugar ao individualismo de uma cultura de sensações.

A morte deixou de ter o caráter de perda que tinha na sociedade tradicional e nesse universo, ela está perdendo o impacto afetivo.

Mais que um debate sobre a ética de morrer com dignidade, passamos a uma discussão sobre a técnica da sobrevida – se a morte é cardíaca, cerebral ou dos tecidos. Até onde se pode dizer que a pessoa morreu, até onde vão os desejos dela e de seus familiares?

Embora estejamos expostos à morte todos os dias – de forma drástica e violenta através da mídia, a morte é sempre a dos outros, longe de nossa realidade. Isso tudo resultado do domínio e predomínio do econômico e do material, em detrimento dos valores éticos, morais e espirituais.

É necessário refletir diante da paralisia da vontade, da cultura da impotência a que somos submetidos diante do extermínio em massa pela tecnologia da destruição.

Mascaramos a ideia da morte através da supervalorização do corpo, para não refletir sobre o fim da consciência e deparamo-nos assim, com a perda da identidade.

Os ideais transcendentais de se perpetuar através da música, de uma obra de arte ou até da própria família, cedem lugar ao imediatismo do prazer, da beleza, da juventude, da esbelteza e da força física.

Nunca, a cultura do corpo como medida de identidade, foi tão forte no Ocidente.

Anteriormente as gerações queriam algo mais duradouro, que permanecesse na cultura depois de seu desaparecimento.

Isso foi varrido. Restou-nos o nosso sentido de viver, nossos sentimentos e nossa corporeidade – a cultura da sensação, que instalou a ideia de que precisamos recorrer ao corpo como critério de identidade.

                             Lucrecia Anchieschi

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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Formação para a Sabedoria

 

                                      

Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um armador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic”. (Luis Fernando Veríssimo)

 É com alma angustiada que o homem contempla as inúmeras contradições existentes no plano cultural e que ele próprio deverá resolver. Como se pode conciliar uma dispersão tão rápida e progressiva das ciências particulares, com a necessidade de elaborar a sua síntese e de conservar nos homens as faculdades de contemplação e admiração que encaminham para a sabedoria?

Ao crescerem o acervo e a diversidade de elementos que constituem a cultura, diminui-nos a capacidade de captá-los e harmonizá-los organicamente. E assim, vai desaparecendo a imagem do homem universal.

Continua-se a impor a cada ser humano o dever de conservar a integridade de sua pessoa, inteligência, vontade, consciência, fraternidade. Bastam alguns anos de ausência para que nos sintamos superados e desatualizados.

O estudo num campo muito especializado traz consigo o perigo de desinteressar-se por outros setores da vida, da verdade, do bom e do belo.

O especialista pode facilmente sucumbir à tentação de isolar-se, de fechar-se num gueto, de deixar de ser humano. O especialista é hoje uma necessidade, porém devemos ajudá-lo já na família, na qual educado com amor há de aprender mais facilmente a hierarquia dos valores.

Estando a cultura subordinada à perfeição integral da pessoa humana, da comunidade e da sociedade, é necessário cultivar o espírito de tal maneira que se promova capacidades de admiração, intuição e contemplação de modo a aperfeiçoar o sentimento religioso, o senso moral e social.

Célestin Freinet (1.938) dizia da necessidade de atividades escolares vivas, associadas aos interesses e ao futuro das crianças, que fossem muito mais que um jogo ou um passatempo, mas trabalho autêntico; fruto de uma necessidade útil ao qual uma pessoa se entregasse de todo o coração e que, por todos esses motivos se tornaria um poderoso gerador de dinamismo e de proveito pedagógico. E continuava: é preciso preparar homens que conheçam suas responsabilidades, homens decididos a se organizarem no meio em que vivem; homens, que levantem a cabeça e olhem de frente as coisas e os indivíduos, homens cidadãos que possam edificar um mundo novo de liberdade, eficiência e paz.

Rejeitemos a ilusão de uma educação isolada em si mesma, à margem das grandes correntes sociais e políticas que a condicionam.

                                                              Lucrecia Anchieschi

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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Imprensa e Monopólio

                                     

No Brasil, o processo de concentração da propriedade da mídia, e principalmente, de ligações perigosas entre ela e o poder político, ultrapassou o limite da tolerância. Os políticos controlam diretamente um quarto das emissoras comerciais de televisão do Brasil.

A multiplicidade de redes de telecomunicações sustentadas por igrejas nas duas últimas décadas traduziu-se como potenciais fabricantes de candidaturas, criando o seu braço político e sua bancada no Congresso cujo esquema elege prefeitos e governadores locais.

É impossível a reversão desse processo, pois a política de comunicações no país é definida entre os sócios das empresas a ela sujeita – detentores de mandatos legislativos.

Os donos desses privilégios podem ainda ser donos de jornais e rádios nas mesmas praças atingidas pelas suas TVs e subsidiarem-se mutuamente em práticas de “dumping”.

 É provável, como diz Domenico De Masi, que a bandeira contestatória das próximas gerações venha a ser o direito de desacelerar”, que só será obtido com o recuo dos limites para a competição econômica, visivelmente impossível diante do modelo de democracia representativa mutilado por sistemas de comunicação viciados.

 Na ânsia de exercer a saudável liberdade de expressão, alguns comunicadores desavisados, começam a ser contestados por setores mais atentos da opinião pública em prejuízo da credibilidade da classe que não está aceitando mais receber nos noticiários, uma informação contaminada de julgamentos, opiniões e ojerizas pessoais sobre fatos e indivíduos, dando a impressão de que tentam induzir o leitor ou o ouvinte, a se solidarizar com a injustiça de um julgamento desinformado e precipitado.

As empresas não cumprem as restrições legais e não são submetidas a nenhum tipo de controle social. Essa é uma das contradições apontadas por movimentos sociais sobre a atuação dos grupos empresariais de mídia no país. Centenas de concessões estão sendo utilizadas exclusivamente por interesses privados. Vimos isso quando uma emissora que está utilizando um serviço público, toma partido numa eleição presidencial, ou quando distorce a imagem de um determinado setor da sociedade, sem garantir que esse setor tenha o espaço equivalente para sua defesa. São fatos que provam o ferimento do principio do interesse público, segundo Bráulio Ribeiro, integrante do Intervozes.

A falta de regras que estabeleçam uma espécie de função social do espectro eletromagnético dos canais diz, fica evidente no momento da renovação das concessões. Invés de ser uma ocasião de avaliação do desempenho das entidades concessionárias, o processo se resume a uma avaliação técnica e burocrática da emissora, como a análise de certidões e pareceres sobre os equipamentos. O conteudo e a programação, questões de interesse público, são desconsiderados. Para ele esta situação se torna absurda porque a radiodifusão é um serviço público e como tal, deveria ser tratada de forma democrática e transparente. Os oligopólios de comunicação no Brasil exploram um bem público como se privado fosse.

 A comunicação mais especificamente a radiodifusão, é um dos elos centrais na formação política, cultural e social de qualquer nação. É um dos elementos fundamentais na construção de uma sociedade contemporânea e ela lida com questões muito caras como a língua e os referenciais culturais e políticos. Ribeiro aponta outro problema: as pequenas normas que existem para se controlar estes canais não são observadas diante da falta de fiscalização. Percentuais mínimos de programação noticiosa,percentual máximo de publicidade não são respeitados por exemplo. Temos casos clássicos de ferimento a essas regras, como as TVs que só transmitem produtos para televenda. Há permissionários que operam em UHF e que passam o dia inteiro promovendo produtos, os chamados canais de compra.

O limite de propriedade é outra regra costumeiramente desrespeitada pelas empresas privadas de comunicação. De acordo com a Lei que regulamenta a Comunicação Social no Brasil, uma mesma empresa não pode possuir mais de um canal VHF no País ou em um Estado. Rádios FM seguem a mesma linha. Driblam essas restrições através de redes, formando um único canal de comunicação. São os mesmos canais replicados, desrespeitando o limite de propriedade. (Fonte: Agência Brasil de Fato – www.brasildefato.com.br  )

 Estamos todos, diante dessa esfinge que nos interroga como ao Chaplin com aqueles dois parafusos na linha de montagem: somos conduzidos por um teatro de marionetes, por mãos que às vezes desconhecemos exatamente quais sejam. A grande questão é que nos Tempos Modernos de Chaplin, se resolvia romanticamente com a revolução proletária, hoje, ainda não encontramos solução capaz de despertar a esperança.

Encontrá-la, apesar de tudo, é a tarefa do estadista. Conclui-se então, como não é possível educar a mídia, a solução está na auto-educação do público.

                                                                Lucrecia Anchieschi

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Homem com H

Assisti há dias no Teatro Santander o belíssimo espetáculo "Ney Matogrosso - Homem com H" interpretado magnificamente pelo ator Re...